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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O sim para a utopia

Eu digo sim! Aquele famigerado sim de final de novela. O sim para o casamento.
Eu vivo bradando que não quero, quando esse assunto entra em pauta e não quero mesmo ter um casamento dentro dos moldes que muitas mulheres com quem convivo relatam e reclamam ter. Eu cresci vendo relacionamentos abusivos e muito antes de saber o que é uma feminista, eu sabia que não queria aquela vida pra mim. Mulheres sendo subjugadas, inferiorizadas, preteridas, sempre insatisfeitas e mesmo quando se sentiam satisfeitas, eu via mulheres que viviam a vida do marido ou em função dele. Cresci, e pelo que vejo não mudou muita coisa. Hoje eu vejo mulheres jovens e esclarecidas que se conformam em dizer "que os homens são assim mesmo". Não me conformo e não aceito o conformismo. Quero uma felicidade real, uma felicidade a ser vivida.
Eu não quero um casamento por sexo pois, para isso não preciso de um parceiro fixo, ninguém precisa. Eu não quero um marido para pagar as minhas contas, porque eu as pago, trabalho pra isso. Pago minhas contas, minhas dívidas, minhas cervejas e calcinhas.
Não quero um marido pra fazer o serviço de homem na minha casa. Troco um chuveiro muito bem! Me entendo com os aparelhos eletrônicos e simplesmente não existe serviço de homem, o serviço é de quem sabe fazer e quem quer aprender.
Não quero um marido só por tê-lo. Muito me incomoda quando alguém me diz que eu vou me casar sim, como se não casar fosse o meu fracasso como mulher, um atestado de mulher infeliz. Sendo mãe sozinha, o casamento parece ser a minha rendição perante a Sociedade.  "Foi mãe solteira, mas agora arrumou um homem que aceitou o filho dela e quis assumir". Não quero!
Que casamento é esse que eu quero então?
Eu quero dividir a vida com outra pessoa. Ser autosuficiente o tempo todo pesa, dói e precisei de um certo amadurecimento para admitir isso. A vida é muito grande pra vivê-la toda sem uma companhia fiel.
Quero um casamento em que eu possa ser abraçada quando o corpo cansar e dar o mesmo abraço quando precisar. Quero um casamento em que eu possa compartilhar o riso solto quando algo der errado e chorar quando as lágrimas transbordarem. Tomar chá quando estiver frio e suco de limão com couve quando a testa suar.
Quero um casamento onde haja gentileza e respeito se sobrepondo à raiva e às diferenças. Onde amor e companheirismo sejam as respostas na hora da dúvida e do medo.
Quero um casamento que me surpreenda também, que se renove e renove a vontade de estar juntos.
Sei que as pessoas se casam buscando por isso, mas nem todas tem. Acreditar que eu terei parece utopia, mas por que não acreditar? Qual o mal da utopia? Ela existe. Se não for assim, como será?
Sei do meu valor e de quanto amor e sentimentos bons tenho em mim. Perfeição eu não quero porque não existe, quero realidade, carne e osso, uma vida linda cheia de cansaço na subida com um ombro amigo pra se apoiar.