Pages

domingo, 29 de novembro de 2015


Vontade de apertar ocê
Sentir aquele cheiro bom que vem
Sempre que o vento vai
por entre a camisa e a pele sua
Ficar de ócio na tarde de primavera
Querendo ser tudo que podemos
Olhando a folha nova se balançar
Abrindo a porta pro beija-flor entrar
Ouvidos sorrindo ao som do jazz
E a companhia melhor que cê traz
Falando apenas com o toque das mãos
Tudo que ainda não falamos com a voz
Vontade de lhe conhecer
Lábios, gestos e seu pulsar
Para que não possa nunca lhe guardar
Mas sempre ler, lhe lembrar, lhe ver e viver
Que seu rosto invisível
ao meu fechar de olhos
Traga seu nome
e o que mais não precise de forma para existir
E então fique onde está
Pra que eu possa apertar ocê
E me aperte, se quiser,
mas não saia de mim

A PRETA QUE SOU

Me olhei no espelho
e me vi preta!
Não era a primeira vez
mas nunca antes desta cor

Me olhei no espelho
me vi negra!
Do jeito que não cresci
Com o cabelo que nasci

Me olhei no espelho
e me descobri
Com um padrão novo
De uma imagem ancestral

Me olhei no espelho
e sorri
Minha beleza é de Ouro
Negro é meu tesouro

Me olhei no espelho
Nunca mais igual
Minha carne é de luta
Não de carnaval

Me olhei no espelho
e a princesa era eu...
Não loira, não lisa, não magra
Nem branca, nem santa, nem fada!

domingo, 8 de novembro de 2015


Não pedirei desculpas pela marca de minhas unhas em suas costas. Não é preciso perdoar um corpo que lhe deu prazer. Guarde-as como memória efêmera do gozo infinito de trinta segundos. 
Gozo. Suor, prazer e dor.
Não perdoarei suas mãos por limitarem meu corpo aos seus movimentos, embalados pelo nosso som, uníssono. Grave, agudo, grave, dentro, fora...Silêncio! Só os olhos se falam.
Suspirei e inspirei seu cheiro. Entorpeci. Envolvida pelas nuances de algo que não era amor (cenas inomináveis), me rendi e ganhei o jogo.