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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Vermelho Liberdade

Vânia não era uma mulher qualquer, mas também não era do tipo que servia de "modelo social". Sempre foi dona de seu corpo e sua mente, seus sentimentos e emoções. Dona, não. Comandante seria mais apropriado. Calculava sempre a profundidade para que o coração pudesse mergulhar e não se afogar. Observava bem as iscas, ele não seria fisgado por qualquer uma.
Numa segunda-feira dessas mal faladas e odiadas, ela se levantou, tomou um banho, bebeu um café amargo, se vestiu e foi... Foi para a rua, foi à luta. Sem saber, foi ao encontro de algo a mais dentro de si. 
Entre, prédios e ônibus, lá estava ela ganhando as calçadas. Na cabeça, buzinas, megafones e uma enorme inquietação. Um estalo! Vânia se deu conta que nunca havia se entregado. Nunca! Sempre a razão. Sempre outras coisas, sempre tudo antes. Praticidade, vida moderna, multitarefas. 
Então veio a vontade de não ter o domínio. Apenas deixar o corpo falar, deixar sentir. 
Enlouquecida pelo momento, entrou numa loja de maquiagem mais próxima e comprou um batom vermelho. Sim! Vermelho acabara de de se tornar a sua cor. A cor da sua libertação. Avistou um espelho e se pintou. Naquele momento decretou que se entregaria, a si mesma. Se permitiria ser. Só assim aconteceriam os melhores amores, as melhores paixões, as livres. Vânia livre.
Mais tarde, com suas novas certezas, entrou num bar, pediu uma caipirinha e esperou que a noite a surpreendesse.




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